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Foto do escritorEsther Alcântara

Eventos de lançamento que morreram na praia - efeito pandemia nas editoras

Atualizado: 24 de mai. de 2020


Nos últimos meses, uma das coisas que mais me frustrou como editora - e sei que esse sentimento é partilhado por diversos outros editores e, claro, por autores - foi ter de desmarcar lançamentos de livros e, com isso, perder esse momento de alegria, abraços, leitores em seu primeiro contato com o livro... Enfim, o momento de celebrar com os autores, a festa sempre tão esperada!


Além de ser uma festa, esse momento também é muito importante para divulgação e distribuição da obra. Todo editor independente valoriza muito esse dia, quando normalmente consegue vender um pouco mais, porque ali naquele encontro há pessoas que realmente se interessam pelo livro que está sendo lançado. Então, nestes tempos de pandemia, não bastasse a dificuldade de sempre com a distribuição, por não termos espaço ou visibilidade em grandes livrarias, somou-se a falta desse evento.


Quantos de nós, editores independentes, resistiremos? Estamos lutando muito - bravamente, eu diria! Todos os dias vejo colegas editores comentando as dificuldades por que estão passando, assim como os vejo tirando ideias criativas da caixola que tenta se manter equilibrada e produtiva, para tentar manter viva sua editora com toda a dificuldade do isolamento, a falta de recursos e, o pior, vendas fracas. Sim, precisamos vender as obras que publicamos para manter a roda girando.


Trago, então, este assunto para pedir sua atenção aos livros que as editoras independentes têm lançado nestes últimos meses, já sem poder fazer eventos de lançamento e sem poder exibi-los nas feiras literárias, todas adiadas ou canceladas para evitar aglomeração de pessoas. Há livros excelentes procurando por leitores, assim como há editores precisando vender para prosseguir produzindo literatura de qualidade.


No caso da Carpe Librum, temos livros no prelo cuja produção foi interrompida por falta de caixa, pois, se desde sempre enfrentamos as dificuldades comuns às editoras independentes, prosseguir agora, quase sem vendas, chega a ser um ato heroico. Tínhamos dois eventos de lançamento agendados para o final de abril, mas precisaram ser cancelados. Se você acompanha nossas divulgações, deve saber dos lançamentos a que me refiro e que os livros estão disponíveis em nossa loja. Mas, para que você tenha um primeiro contato com essas obras, vou falar aqui um pouquinho de cada uma:


Falar dos meus amores invisíveis - primeiro romance de Socorro Lira, que já conta com livros de poemas publicados, apresenta narrativa fluida ao mesmo tempo que forte na voz da personagem Ondina, uma mulher que, já idosa, registra em livro suas vivências, seus amores e sua luta para romper com os preconceitos e condicionamentos a que, como mulher, foi exposta por viver numa sociedade patriarcal em seu tempo e lugar, em busca de uma vida plena e feliz. Aprendermos com Ondina a importância de não nos rendermos e jamais nos calarmos. Porque "falar cura", enfatiza a personagem! A edição está muito bonita, com capa e ilustrações de Amanda Barros Velloso, e texto de apresentação da escritora Maria Valéria Rezende.




Janela enluarada - este livro de poemas marca a estreia de Fernanda de Paula na literatura. A voz poética da autora enche o mundo de beleza, emociona pela intensidade lírica, pela força das imagens e das metáforas que se desenham na linguagem rica que permeia toda a obra. Ao contemplar pela janela de Fernanda o horizonte iluminado, o leitor também se encanta com as ilustrações de Letícia de Paula, pura poesia em bordados, em perfeita sintonia com os poemas em prosa da autora. A bela capa e o excelente projeto gráfico da obra, com miolo em delicado papel couché, é de Celso Cunha. O texto do poeta Fernando Coelho na quarta capa e o prefácio de Janaína Leite nos apresentam também poeticamente o livro.







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